Christian Sorum (NOR)

Todas as evidências de que você precisa para entender o crescimento inquestionável do vôlei de praia desde que entrou para o programa olímpico, em Atlanta 1996, pôde ser vista no pódio masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020: três times de três países que conquistavam suas primeiras medalhas olímpicas na modalidade.

A Noruega, um país muito mais conhecido por seu sucesso nos Jogos Olímpicos de Inverno, conquistou o ouro com o talento dos jovens Anders Mol e Christian Sorum. O ROC (Comitê Olímpico Russo) também conquistou sua primeira medalha, uma prata para Viacheslav Krasilnikov e Oleg Stoyanovskiy. E o Qatar, um país de apenas 2,8 milhões de habitantes, ficou com o bronze, graças a habilidade da dupla Cherif Younousse e Ahmed Tijan.

Três países muito diferentes, em população, clima e localização no mapa, três estilos de jogo díspares, três novas medalhas. E quanto mais você desce pela classificação final, mais vê a crescente diversidade de talentos no vôlei de praia. Das 16 equipes que terminaram do nono ao quarto lugar (com alguns empates), havia 13 países representados.

Triumphant Krasilnikov

Triumphant Krasilnikov

Noruega reina

Por dois anos, não houve a menor sombra de dúvida ou debate sobre quem era o melhor time do mundo: Anders Mol e Christian Sorum da Noruega. Eles entraram em cena no final da temporada de 2018, vencendo em Gstaad, Viena e Hamburgo, em torneios consecutivos, uma sequência de sucesso sem precedentes. Eles seguiram com oito ouros em 13 eventos em 2019. Eles ganharam todos os prêmios que havia para ganhar: Melhor Time, Melhor Bloqueador, Melhor Defensor, Melhor Jogador Ofensivo, Mais Destacado.

O problema desse sucesso, porém, é que atrai muita atenção - todos os olhos do mundo do vôlei de praia. Todos as duplas se perguntavam, como parar esses garotos? Uma solução temporária parecia ter sido encontrada, no pior momento possível para os noruegueses, com as equipes mudando sua estratégia, colocando mais pressão de serviço em Mol, tirando a bola das mãos de Sorum. O resultado foi um 17º em Sochi, o nono em Ostrava e um quinto em Gstaad. Os três eventos que antecederam os Jogos Olímpicos foram a pior sequência de torneios desde que estavam jogando as competições de 1-estrela no início de 2018.

Talvez, era justo imaginar, o mundo tivesse encontrado uma solução para contê-los.

No entanto, o mundo não encontrou uma solução.

Sim, a Noruega provou ser mortal, algo que não parecia ser verdade em 2019. Mas em Tóquio, onde venceu quatro partidas consecutivas em oito sets consecutivos para ganhar uma medalha de ouro, eles provaram que ainda são os reis da praia.

Mol and Sorum celebrate their country’s first Olympic semifinal on the beach

Mol and Sorum celebrate their country’s first Olympic semifinal on the beach

Um até mais para as lendas da praia

As Olimpíadas de Tóquio provavelmente serão vistas como uma troca da guarda: uma geração se colocando oficialmente no mapa; uma dupla lendária deixando as competições internacionais. A média de idade dos medalhistas em Tóquio é de espantosos 25,8 anos. Em um esporte que muitas vezes pode se orgulhar da longevidade de seus atletas, há uma garotada nova no pedaço e elas ficarão aqui por um bom tempo.

É um momento empolgante para o vôlei de praia, tanto para o torcedor quanto para os atletas. Por pelo menos mais dois ciclos olímpicos, salvo algo estranho, poderemos assistir ao talento de Mol e Sorum, Stoyanovskiy e Krasilnikov, Cherif e Ahmed, sem falar nas dezenas de outros jovens que povoam os 50 primeiros lugares do ranking da FIVB.

Ainda assim, Tóquio foi o último evento internacional para uma dupla - e potencialmente um trio - de lendas do vôlei de praia. Phil Dalhausser e Jake Gibb, que competiram em todos os Jogos Olímpicos desde 2008, anunciaram suas aposentadorias internacionais, poucos dias após serem eliminados, terminando em nono lugar. Dalhausser é considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos; Gibb é querido nos Estados Unidos, considerado um dos melhores bloqueadores que já representou os Estados Unidos.

Quanto à terceira lenda em questão, o brasileiro Alison Cerutti, dono de duas medalhas olímpicas, uma de ouro e outra de prata, seu futuro ainda é incerto. Quarta cabeça-de-chave em Tóquio 2020, ele e Álvaro Filho ficaram em quinto lugar.

“Agora volto para casa para ver minha família, ficar com meus filhos”, disse Alison após uma derrota nas quartas de final para os letões Martins Plavins e Edgars Tocs. “Eu não sei sobre o meu futuro. Neste momento, terei duas semanas em casa, então ainda não sei."