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Fernanda Garay não deveria ter um papel central pelo Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Com a seleção do país contando com duas das melhores ponteiras do mundo, Natalia Pereira e Gabriela Guimarães, a campeã olímpica de Londres 2012 deveria aportar experiência para a equipe e vir do banco quando fosse necessário.

Ainda assim, se o time do técnico José Roberto Guimarães chega a sua terceira final em quatro Olimpíadas, deve isso em grande parte à veterana ponteira de 35 anos, que é a maior pontuadora do Brasil em Tóquio e ocupa o quarto lugar geral no ranking do torneio, com 109 pontos.

Uma lesão no dedo sofrida por Natalia antes da Liga das Nações 2021 colocou Garay como titular da equipe para aquela competição. Suas grandes atuações em Rimini, Itália, transformaram o que inicialmente era temporário em permanente, e a veterana se tornou titular de vez e também um fator-chave para o sucesso do Brasil na Olimpíada.

“Esta é minha última oportunidade de jogar pelo Brasil e não poderia estar mais motivada”, disse a ponteira, que anunciou que deixará a seleção após Tóquio para formar uma família. “Alguns anos atrás, eu não sabia se estaria aqui, então estou dando tudo o que tenho e não escondendo nada. Temos um grande grupo de jogadoras e estou curtindo cada partida e cada dia com elas. Estou muito orgulhoso de termos chegado até aqui, mas ainda não acabou e vamos lutar com tudo que temos pela medalha de ouro."

O adversário do Brasil na disputa pela medalha de ouro serão os Estados Unidos, que lideram o ranking da FIVB e venceram recentemente a Liga das Nações pela terceira vez consecutiva, derrotando exatamente as brasileiras em Rimini.

Garay fazia parte da seleção brasileira que estava exatamente na mesma posição há nove anos, na Olimpíada de Londres 2012. O Brasil entrou na decisão do ouro como azarão contra as americanas, mas saiu por cima, conquistando a segunda medalha de ouro seguida.

“O que quer que tenha acontecido no passado, não vai nos ajudar agora”, refletiu Garay. “É uma história diferente, envolvendo jogadoras diferentes e nada do que fizemos no passado vai valer agora. É uma final e tudo pode acontecer. Faremos o nosso melhor e estou confiante em nossas chances. Jogamos contra elas na final da Liga das Nações e foi uma partida muito equilibrada. Sabemos da qualidade do time americano e vamos nos preparar da melhor maneira para podermos vencer."

A confiança do Brasil pode ter recebido um impulso nas semifinais, quando dominou completamente a Coreia do Sul numa vitória em sets diretos (25-16, 25-16, 25-16). Esse triunfo marcou a diferença mais ampla em termos de pontos (75-48) entre as equipes em uma semifinal olímpica.

“Sabíamos que a Coreia do Sul não tinha chegado tão longe por acidente”, acrescentou Garay, que marcou 17 pontos na partida. “Elas tiveram um desempenho incrível contra a Turquia e isso nos levou a encarar a partida com um nível ainda maior de concentração e atenção. Não queríamos deixar esta oportunidade de estar na final escapar de nossas mãos.”